Casos de dengue diminuem, mas incidência de doenças respiratórias duplicam

De acordo com a SES-GO, o Estado vive um momento de transição da sazonalidade
Por O Hoje
Data: 03/05/2024
A superintendente de vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, chama atenção para a adesão vacinal | Foto: SES-GO

Goiás registrou 146 mortes por dengue e outros 163 óbitos suspeitos estão sob investigação do Comitê Estadual de Investigação de Óbito Suspeito por Arboviroses da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO). Já são 131.573 casos confirmados da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, que também transmite a Zika e Chikungunya.  Ao todo, 260.340 casos foram notificados no Estado.

O último Boletim divulgado pela SES-GO nesta quinta-feira (2), mostra ainda que 50,3% dos casos de dengue em Goiás são do sorotipo 1, enquanto 49% são do sorotipo 2 – considerado o mais agressivo e principal causador de internações. Atualmente, 134 municípios estão em situação de emergência para arboviroses. Para combater as arboviroses foram instalados 223 gabinetes de crise nos municípios goianos.

Durante coletiva de imprensa ainda na quinta-feira (02), a superintendente  de vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, destacou a queda significativa no número de casos da doença, mas salientou que há um aumento no número de internações, o que continua sendo um problema para a saúde. “Isso não significa que acabou o problema”, reitera a superintendente.

Flúvia salientou ainda que nesse momento o Estado vive um momento de transição da sazonalidade, onde as notificações de casos diminuem, mas o número de internações aumenta significativamente. Com a incidência de dengue e doenças respiratórias, a saúde chama atenção para a vacinação, principalmente para crianças e idosos que são mais vulneráveis.

Flúvia destaca que existem uma série de fatores que contribuem para o aumento de casos de dengue em Goiás em comparação ao mesmo período do ano passado, tanto para ocorrência de epidemias quanto para redução dos casos também.

O primeiro fator é a mudança do tipo de vírus que estava circulando, predominantemente. “A gente teve uma mudança de 2023 para 2024 no sorotipo de dengue que passou a circular. Era o sorotipo 1 e esse ano foi o sorotipo 2 o predominante”, afirma ao destacar que a mudança de vírus contribuiu significativamente para o aumento no número de casos.

O fenômeno El Niño, que fez com que as temperaturas globais, principalmente no continente americano, aumentassem muito, além de provocar chuvas irregulares, contribui para a incidência da doença. “Quanto maior o calor, maior a possibilidade do mosquito de proliferar”, salienta.

Nova remessa de vacina

Sobre a nova remessa da vacina contra dengue, Qdenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda, a superintendente relatou que a estratégia de minimizar o desperdício de doses tem sido eficaz. A primeira remessa de aproximadamente 158.800 doses teve mais de 157 mil doses utilizadas até a última terça-feira (30/04), com apenas cerca de  1.300 doses restantes.

Ainda na terça, uma nova remessa de aproximadamente 61 mil doses foi recebida do Ministério da Saúde. Com base nas diretrizes e considerando o público prioritário de 6 a 16 anos, as autoridades de saúde planejam administrar a primeira dose da vacina para esse grupo. A próxima avaliação está agendada para cerca de 18 de junho, quando serão discutidas novas estratégias de vacinação.

A superintendente expressou otimismo em imunizar o maior número possível de adolescentes, enfatizando a importância da colaboração contínua entre as autoridades de saúde para enfrentar esse desafio.

Doenças respiratórias sobrecarrega o SUS

Flúvia Amorim, destacou as crescentes preocupações com doenças respiratórias no estado e enfatizou a notável sobrecarga no Sistema Único de Saúde devido aos casos de dengue. Além disso, destacou-se a expansão da faixa etária para vacinação contra a influenza, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde.

Ao abordar os principais vírus respiratórios, Amorim apontou uma mudança nos padrões de impacto na rede de saúde. Enquanto o vírus causador da COVID-19 dominava no início do ano, nas últimas semanas, o vírus influenza emergiu com força, resultando em um aumento significativo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e hospitalizações, especialmente entre crianças e idosos.

Embora a vacina contra a influenza esteja disponível, Amorim expressou preocupação com a baixa cobertura vacinal, atualmente em 22%. Ela ressaltou a importância de imunizar principalmente crianças e idosos, considerando-os grupos de risco.

A iminência de mudanças climáticas, com a transição para um período mais seco e frio, aumenta ainda mais as preocupações com a saúde respiratória. Amorim alertou para o impacto dessas condições climáticas na propagação de doenças respiratórias e enfatizou a necessidade de medidas preventivas, como o uso de máscaras e a higienização das mãos, para reduzir a transmissão.

Flúvia também abordou o vírus respiratório sincicial (VSR), que afeta principalmente crianças menores de dois anos e ainda não possui vacinas disponíveis na rede pública. A orientação para os pais e responsáveis é que evitem grandes aglomerações e que tomem precauções extras em casa para proteger as crianças vulneráveis.A superintendente destaca a urgência de medidas preventivas e de uma maior adesão à vacinação para conter o avanço dessas doenças respiratórias e proteger a saúde da população.

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