Cmeis modulares da capital sob risco de não serem concluídos neste ano

Estrutura da unidade no Madre Germana II continua abandonada. Na Vila Megale, obras não foram terminadas, mas 63 crianças estão sendo atendidas no local
Por O Popular
Data: 25/10/2024
Salas modulares do Cmei Madre Germana II foram destruídas por um incêndio no mês de junho: abandono (Wildes Barbosa / O Popular)

As obras dos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) Madre Germana II e Bem Me Quer, na Vila Megale, devem terminar a gestão Rogério Cruz (Solidariedade) sem serem totalmente concluídas. Prometidos desde 2020, as unidades estão previstas para serem formadas por salas modulares. A obra do Cmei Madre Germana II pegou fogo em junho e a estrutura, que já estava deficitária, está completamente abandonada. O Cmei Bem Me Quer funciona sem as obras estarem totalmente concluídas e atende 63 crianças.

Em 2023, a Secretaria Municipal de Educação (SME) prometeu entregar quatro Cmeisformados apenas com salas modulares ainda naquele ano, sendo dois deles o Madre Germana II e o Bem Me Quer. Entretanto, foram finalizados e entregues em março apenas o Cmei João Pedro Calembo, no Residencial Vale do Araguaia (e que homenageia o adolescente de 13 anos morto por um ataque de um colega, em 2017, no Colégio Goyases), e o Cmei Brisas do Cerrado. Ambos tinham um custo de R$ 3,2 milhões. O valor é o mesmo apontado pela SME para as unidades do Madre Germana II e do Villa Megale no começo de 2023.

Em março de 2024, O POPULAR mostrou que as obras desses dois Cmeis estavam abandonadas e em deterioração. O modelo de uso de salas modulares na educação municipal foi iniciado em 2018 na gestão Iris Rezende (MDB). Em 2022, 111 das 194 estruturas que foram contratadas estavam sem uso, o que gerou um procedimento de investigação no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

O POPULAR esteve na região do Cmei Bem Me Quer na tarde desta quarta-feira (23). Moradora da região, Gabriela Guimarães, de 31 anos, conta que as pouco mais de 60 vagas disponíveis na unidade de ensino atualmente são insuficientes para suprir a demanda da população da região. Em julho, acompanhado do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (PRD), Cruz esteve no Cmei e anunciou a retomada das obras. Em nota, a SME comunicou que as obras do Cmei Bem Me Quer estão em fase de conclusão, para a abertura de mais 150 vagas com atendimento a partir de 2025.

Sobre o Cmei Madre Germana II, a SME informou que a unidade de ensino terá capacidade para atender 200 crianças. A expectativa da população que mora no setor é grande, já que a região não conta com nenhum Cmei próximo e os pais precisam se deslocar por muitos quilômetros para levar as crianças para outras unidades. Sendo assim, a necessidade do funcionamento do Cmei se intensifica, já que ele deve ser a única unidade de ensino voltada à educação infantil do setor e arredores.

Em março, O POPULAR chegou a mostrar que em poucos meses após a obra do Cmei Madre Germana II estar parada, houve o furto dos equipamentos de ar-condicionado e, naquele momento, não restava mais nada de valor, estando apenas as estruturas básicas e destruídas. Isso foi antes de um incêndio atingir o local e deteriorar ainda mais a estrutura em junho deste ano (leia mais abaixo). Em nota, a pasta comunicou que "reconhece a importância da unidade de Educação Infantil para a comunidade e tem se empenhado para retomar as obras o mais rápido possível."

No final de 2022, o prefeito chegou a receber em seu gabinete os pais da adolescente Luana Marcelo Alves, de 12 anos, que morava no Madre Germana II e foi morta após ser abordada e estuprada por Reidimar Silva Santos, em 27 de novembro daquele ano. Cruz prometeu dar o nome de Luana ao Cmei Madre Germana II. Há um problema, no entanto, pois o local já havia sido nomeado Cmei Pastor Antônio de Jesus Dias em 2020, por Iris Rezende (MDB), na Lei 10.583 de 30 de dezembro, que segue em vigor.

Ainda de acordo com a SMS, na atual gestão, foram inauguradas dez unidades de ensino. São elas: Cmei Dom Antônio Ribeiro, Cmei Dona Ramila, Cmei Nion Albernaz, Cmei Ceasa, Cmei Vila Areião, Cmei João Pedro Calembo, Cmei Silvia Praxedes, Cmei Santa Helena, Escola Municipal Donata Monteiro e Escola Municipal de Tempo Integral Professora Marlei Garcia.

Fogo

No primeiro final de semana de junho, a obra do Cmei Madre Germana II pegou fogo. A construção da unidade estava abandonada. Antes do fogo destruir a edificação, o espaço já estava todo degradado, com mato alto e as estruturas corroídas. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO) da época, aproximadamente 800 metros quadrados (m²) foram destruídos pelas chamas.

Na ocasião, a SME informou que despachou um engenheiro e um técnico de apoio ao local para acompanhar os trabalhos do CBMGO. "Um registro da ocorrência foi feito para permitir que a perícia identifique todas as possíveis causas, incluindo a investigação de um possível incêndio criminoso", detalhou nota enviada pela pasta.

Questiona sobre possíveis investigações, a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) comunicou que o inquérito policial que apura o fato encontra-se em andamento na 20ª Delegacia Distrital de Goiânia e que após as diligências que já foram realizadas, "aguarda-se agora o laudo de perícia criminal para conclusão do procedimento."

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