Zoológico de Goiânia ganha nome de José Hidasi
O Jardim Zoológico de Goiânia ganha o nome de José Hidasi, importante taxidermista e biólogo que participou da criação do Parque Ecológico Educativo que deu origem ao zoo. Quem visita a unidade atualmente pode ver, além do plantel de cerca de 400 animais, um museu de sua autoria. É o Museu de Zoologia, onde mais de cem exemplares taxidermizados estão expostos para a apreciação dó público.
A homenagem à Hidasi surgiu em um Projeto de Lei do vereador Henrique Alves (MDB) que foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de segunda-feira (04/11) como legislação nº 11.261. A lei foi sancionada pelo presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo, no mês de outubro.
Localizado no Setor Oeste, ao lado do Parque Lago das Rosas, o zoológico se estende por uma área 200 mil m² com bastante área verde. O local passou por uma revitalizações pouco mais de um ano, no valor de R$ 935 mil, e está em boas condições. De acordo com a supervisora geral do parque, Jamile França, a última reforma trouxe melhorias na acessibilidade -- com piso tátil e rampas -, impermeabilização de tanques, recintos e banheiros públicos do espaço. "O que foi aceito pelas pessoas que passam por aqui e, ainda, elogiam", complementa.
No entanto, as placas com os nomes dos animais ainda não possuem indicação em Braille. A escrita tátil poderia ampliar a acessibilidade para pessoas cegas ou com baixa visão.
Passeando entre os bosques e os recintos do zoológico, o público pode se deparar com as principais atrações do local, de acordo com França: o urso pardo Robinho, os tigres-de-bengala, o serpentário e os grandes felinos.
A visita pode ser estendida também ao Museu de Zoologia Professor José Hidasi, onde há contribuições do professor aos estudos em Ciências Naturais na capital goiana. Fechado desde o período da pandemia, o museu foi reaberto em junho deste ano com adaptações na pintura, na parte elétrica e na ventilação. No espaço, os visitantes têm acesso a diversos répteis, aves e mamíferos empalhados, que compõem o acervo de peças taxidermizados pelo professor.
França explica que boa parte dos exemplares que pertencem ao espaço são de animais que um dia estiveram no zoológico e hoje garantem educação ambiental aos grupos visitantes. Compondo também um dos atrativos, o museu é visto pelos profissionais como um local de vínculo e até saudosismo dos adultos que puderam ver os animais do zoológico vivos no passado. Juntas, França e a secretaria-executiva da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Ara Rilse Lopes, contam que, por vezes, há pais que vão até o local mostrar aos filhos "os bichinhos" que, antes da sua morte, viviam pelos recintos do local. "Passa de geração em geração."
Visitando a capital pela primeira vez, o mestrando em Administração, Breno Acacio, de 24 anos, teve o zoo entre as suas opções de "passeios legais" -- a indicação foi de um local onde Acacio está hospedado. Com um olhar crítico a esses espaços, o mestrando diz ter se surpreendido com o zoológico da capital, que é "agradável e bem cuidado". Conforme funcionários, os animais passam por diversos processos de enriquecimento ambiental com materiais naturais para garantir o maior conforto e aceitação dos recintos.
Apaixonado por animais, professor deixou legado
Um ornitólogo estuda todos os aspectos da vida das aves. Foi a paixão por elas -- e por todos os demais animais -- que fez de José Hidasi, nascido em 1926 em Makó, no sul da Hungria, conhecido e respeitado dentro e fora do Brasil. Ele virou referência em taxidermia, a arte de empalhar animais.
"É inegável a história", conta França sobre a homenagem feita a Hidasi no zoológico de Goiânia. De acordo com ela, o professor faz parte da construção do espaço e na adaptação dos conhecimentos de botânica e fauna para a região. O que não poderia ser negado, principalmente, pelo acervo que deixou tanto no museu do local, como no fechado Museu de Ornitologia de Goiânia, que foi criado em sua própria casa, em Campinas, em 1968.
O espaço é fruto do desenvolvimento de uma técnica própria de taxidermia, onde abrigou diversas espécies de animais empalhados a fim de contribuir para estudos posteriores. Além dos exemplares expostos no zoológico, o acervo de Hidasi se expandia a peças pré-históricas, a borboletas, macacos e até botos. Todo o trabalho, que levou a construção de sua coleção, contava com mais de 120 mil peças e chegou a ser avaliada em cerca de US$ 15 milhões.
Com o fechamento do Museu de Ornitologia de Goiânia, na casa onde ele morava no Setor Campinas em 2018, em decorrência da mudança para uma casa de repouso, parte do seu acervo foi doado para o Memorial do Cerrado, que funciona no Campus II da PUC Goiás. Assim, o material do professor também pode ser encontrado em uma seção especial dedicada ao taxidermista. As peças compartilham de uma exposição da história e trabalho dos estudos em ciências naturais.
Húngaro que viveu durante décadas na capital, onde morreu aos 95 anos, Hidasi foi formado na Escola Superior de História Natural e Geografia no segmento das Ciências Naturais. Recém-chegado no Brasil em 1950, ele trabalhou no Museu de História Natural. Em Goiás, o trabalho se iniciou por volta de 1952 no projeto de ocupação da Amazônia, em Aragarças, catalogando animais que pudesse encontrar.
Apaixonado por curiosidades do mundo animal e defensor da tese que é preciso conhecer para preservar, Hidasi participou ativamente da fundação e planejamento de diversos museus naturais do país. Conforme noticiou o POPULAR no dia da sua morte, em 19 de julho de 2021, ele ajudou a criar ou organizar 14 museus em todo o Brasil, incluindo o Museu Goeldi, em Belém do Pará, referência mundial em estudos de aves.