Lula perdeu aliados e ganhou opositores na Câmara
No meio político e econômico, o Barômetro do Poder, estudo realizado pela InfoMoney, representa um dos principais e mais confiáveis instrumentos capazes de aferir o cenário do País no momento pesquisado. Por meio dele, representantes das mais respeitadas casas de análise de risco político e analistas independentes expressam suas opiniões acerca do andamento de importantes pautas sociais, políticas e econômicas.
Em sua última edição, pesquisada entre os dias 4 e 8 de novembro deste ano, o estudo reuniu 17 respondentes. A eles foram aplicados questionários on-line por meio de plataforma digital. Os estudos foram divididos em três eixos: Governabilidade, Reformas e Conjuntura. As peculiaridades de cada um desses eixos serão tratadas de maneira separada ao longo desta e das duas próximas edições do jornal O HOJE.
Dentro de cada um desses eixos constam questionamentos sobre assuntos de interesse público e fiscal. A reportagem selecionou os principais temas de cada categoria para mostrar o que pensam os principais analistas do Brasil sobre cada um dos pontos.
Efeito Lula no Congresso
No campo da Governabilidade, os técnicos entendem que a maioria dos deputados federais estão, hoje, alinhados com o governo (203, dos 513). Depois, aparecem aqueles que são tidos como incertos dentro da Casa de leis (162). O número é seguido pelos opositores, que, na visão dos especialistas, representam a minoria (148).
Apesar do recorte momentâneo indicar um cenário pró-Executivo, o que se observa na linha do tempo é um encolhimento dos governistas atrelado a um crescimento da oposição. Em janeiro de 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o poder, o mesmo estudo mostrava um total de 245 deputados governistas. Esse número era seguido pelos nomes de oposição que somavam juntos 143, depois, os incertos, com um número equivalente a 136.
O movimento é diferente no Senado, onde constam 35 parlamentares, dos 81, alinhados ao governo. Eles são seguidos pelos senadores de oposição, que somam 26. Depois, aparecem os incertos, com um total de 20.
O cenário atual da Casa Alta é muito parecido com o que se tinha em janeiro de 2023. À época, os números apontavam para 37 senadores alinhados ao governo Lula, 24 na linha da oposição e os mesmos 20 tidos como indecisos.
Influência governista
A força do Governo encabeçado por Lula também foi aferida pelo estudo. A pesquisa, nesse quesito, busca precisar a capacidade de o governo aprovar proposições no Congresso Nacional. As opiniões mostram o seguinte: 71% consideram regular as chances do governo aprovar temas de seu interesse. O número é seguido por outros 29% que apostam em uma chance Alta. Nenhum dos consultados votou nas opções muito baixa, Baixa ou Muito alta.
Relação entre Poderes
O diálogo entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário também representa outro ponto digno de destaque. Ao serem questionados sobre como avaliam a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, 76% dos entrevistados escolheram a opção Regular. O número foi seguido pela opção Boa, escolhida por 18% dos entrevistados. 6% consideraram o diálogo Ruim e ninguém avaliou a situação como Péssima ou Ótima.
Quanto às estimativas, 65% dos entrevistados consideraram que a relação entre o Governo e o Congresso vai ficar estável no decorrer dos próximos seis meses. Outros 35% consideram que esse diálogo tende a melhorar. Nenhum dos entrevistados escolheu a opção vai piorar.
No que diz respeito às relações do Executivo com o Poder Judiciário, 88% dos entrevistados consideraram a situação Boa. O número é seguido por 12% dos consultados que entenderam como ótima. Ninguém escolheu as opções Péssima, Ruim ou Regular.
Sobre a relação entre Legislativo e Judiciário, a cena se revela completamente diferente. 76% consideraram a relação Ruim. Na sequência, aparecem aqueles que consideraram a situação Regular. Ninguém escolheu as opções Péssima, Boa ou Ótima.
Lula e o povo
O apoio da sociedade ao governo Lula também foi aferido. 71% dos entrevistados entendem a situação como regular. Outros 18% escolheram a opção Baixa enquanto outros 12% consideraram alta. Ninguém avaliou como muito baixa ou muito alta.
Ao O HOJE
Ao conversar com a reportagem sobre o assunto, o cientista político e escritor brasileiro Antonio Lavareda considerou que o estudo oferece um cenário relevante do ponto de vista das projeções para os próximos meses. “São diversas pautas de interesse público e, ao mesmo tempo, sobre o comportamento dos poderes, uns em relação aos outros, bem como suas respectivas agendas”.
“Esse talvez seja o instrumento mais valioso que as corporações, entidades e partidos dispõem para avaliar a perspectiva de desenvolvimento do processo político a partir da opinião de quem realmente entende das matérias”, pontuou.