Golpe da falsa central bancária: entenda como agia grupo preso suspeito de enganar e causar prejuízo a quase 30 pessoas

Criminosos enviavam mensagens de uma suposta central bancária informando sobre compra fraudulenta no cartão e simulavam central de atendimento de instituição financeira
Por Jornal Daqui / O Popular
Data: 22/11/2024
Organização criminosa era especializada em enganar as vítimas se passando por representantes de instituições financeiras (Divulgação/PCGO)

A Polícia Civil de Goiás cumpriu, nesta quinta-feira (21), mandados de prisão e busca e apreensão contra um grupo suspeito de criar uma falsa central bancária para aplicar golpes . A Operação Falsa Central realizada pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) cumpriu 95 mandados judiciais, sendo 37 de prisão temporária e 58 de busca e apreensão domiciliar, além do bloqueio de 438 contas bancárias dos suspeitos que causaram prejuízo a 27 vítimas goianas no valor de cerca de R$ 200 mil.

Por não terem tido os nomes divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos até a última atualização desta reportagem. Os nomes dos bancos também não foram divulgados.

De acordo com o delegado titular da Deic, Eduardo Gomes, os golpistas enviavam uma mensagem de uma suposta central bancária informando sobre uma compra fraudulenta feita com o cartão da vítima. E caso a vítima não reconhecesse a transação, deveria entrar em contato pelo número indicado.

Os criminosos têm uma central, que a gente chama de 'escritório do crime', onde através de boas máquinas e computadores usam de um banco de dados, obtido de forma ilegal, para enviar milhares de mensagens simultaneamente, na expectativa que alguma pessoa não identifique o golpe e faça a ligação no 0800 indicado no SMS", disse o delegado.

A investigação começou a partir do relato de uma vítima goiana que recebeu uma mensagem de uma suposta central bancária informando sobre uma compra fraudulenta feita com o cartão dela. Os golpistas alegaram que, caso a vítima não reconhecesse a transação, deveria entrar em contato pelo número indicado. Nesse momento, a fraude foi consumada. A Operação Falsa Central realizada pela Deic, contou com o apoio das Polícias Civis de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Piauí e Pernambuco.

Como o golpe era aplicado?

As investigações apontam que se trata de uma organização criminosa especializada em enganar vítimas ao se passar por representantes de instituições financeiras. Por meio de ligações e mensagens fraudulentas, os criminosos obtinham informações confidenciais, como senhas e dados bancários, para realizar transferências irregulares, causando prejuízos financeiros.

Segundo o delegado Eduardo Gomes, a organização criminosa estava organizada em três eixos: pessoas que aplicavam ou arquitetavam o golpe; pessoal que comprava os softwares para utilizar no golpe; e pessoal da lavagem de dinheiro.

1. Os golpistas abordavam as vítimas por SMS, e-mail, ligação ou aplicativos de mensagens, alegando que uma compra fraudulenta havia sido identificada em sua conta bancária ou cartão de crédito. Em seguida, orientavam que, caso a compra não fosse reconhecida, a pessoa deveria ligar imediatamente para a suposta central, cujo número "0800" constava na mensagem.

2. Quando a vítima ligava, era atendida por uma central telefônica que simulava um atendimento bancário real, com direito a músicas de espera e opções de canal de atendimento, semelhantes às dos bancos legítimos.

3. As vítimas eram convencidas a registrar uma chave PIX para o estorno dos valores da suposta compra fraudulenta. Em alguns casos, também eram instruídas a instalar um aplicativo de acesso remoto. Ao seguirem essas orientações, as vítimas, sem perceber, realizavam transferências via PIX ou concediam aos criminosos controle total sobre seus dispositivos. A partir disso, o grupo subtraía os valores diretamente das contas bancárias.

Os investigados poderão responder pelos crimes de estelionato em sua modalidade de fraude eletrônica, furto mediante fraude eletrônica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

A Polícia Civil de Goiás orienta a população a desconfiar de contatos inesperados relacionados a compras ou transações bancárias. A recomendação é procurar diretamente a agência bancária de confiança para verificar a veracidade das informações. Além disso, a polícia reforça a importância de registrar um boletim de ocorrência ao identificar qualquer tentativa de golpe.

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