
Campanha para achar desaparecidos entra em nova etapa

Nesta quarta-feira (26) começa em todo o País a segunda etapa da Mobilização Nacional de Identificação de Pessoas Desaparecidas, uma ação desencadeada pelo governo federal por meio dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP); de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; e da Saúde. Nesta fase, o objetivo é identificar pessoas vivas acolhidas em instituições de saúde e assistência social. Em Goiás, a Divisão de Políticas para Pessoas Desaparecidas, da Superintendência de Identificação Humana (SIH), vai receber e gerenciar as informações das instituições.
Titular da Autoridade Central Estadual para Políticas de Pessoas Desaparecidas da SIH de Goiás, Antônio Maciel Filho explica que se reuniu com representantes de pastas que têm mais instituições de acolhimento de pessoas em condições de vulnerabilidade que podem estar desaparecidas, como Saúde e Assistência Social. "Mesmo que não haja uma ocorrência de desaparecimento, se a pessoa estiver sem documentos vamos atender, porque ela pode estar desaparecida da família." Segundo Antônio Maciel, em média, 40 pessoas são identificadas mensalmente e as famílias localizadas. "Acredito que, com a mobilização, vai ampliar muito esse número. E nem sempre há um viés criminal."
Dados do MJSP revelam que em 2024 mais de 80 mil pessoas desapareceram no Brasil, uma média de 219 por dia, quase 4 mil delas em Goiás. Ações efetivas da pasta, preconizadas na Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, promoveram a recuperação de 43,5 mil vítimas. Entre as iniciativas está a mobilização nacional para identificação de pessoas desaparecidas, que teve uma primeira etapa em agosto de 2024, quando foram coletados o DNA de familiares. Em todo o País, foram coletadas 1.645 amostras de DNA de familiares de 1.292 desaparecidos por meio da saliva. Em Goiás, segundo dados da SIH, 75 famílias procuraram um dos 23 pontos de coleta, num total de 107 pessoas, como pais, irmãos e filhos.
A campanha, conforme programação do MJSP, terá duas etapas em 2025. Na que começa nesta quarta-feira (26), serão coletadas impressões digitais e material genético de pessoas vivas de identidade desconhecida, em especial aquelas que estão em asilos e casas de acolhimento de uma forma geral. A fase final será focada em pesquisas de impressões digitais de pessoas falecidas sem identificação e que ainda não foram processadas pelas unidades federativas. Os dados serão comparados com os registros disponíveis nos bancos de biometria. Todo o material biológico coletado passou a compor o Banco de Perfis Genéticos de Goiás, que faz parte da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), envolvendo todas as unidades federativas.
Para tornar o processo de busca e de localização de pessoas desaparecidas mais rápido e eficiente, o MJSP tem promovido o Curso de Investigação Policial Aplicada à Busca e Localização de Pessoas Desaparecidas, a primeira capacitação presencial sobre o tema. Entre agosto e setembro de 2024 ocorreram duas edições, que formaram 78 profissionais de todos os Estados e do Distrito Federal. No lançamento da segunda etapa da Mobilização Nacional, nesta quarta-feira (26), em Brasília, o ministério lançará um vídeo institucional e uma cartilha para orientar os profissionais da saúde e assistência social sobre os procedimentos.
Antônio Maciel Filho ressalta que o trabalho é contínuo e na grande maioria das vezes a contribuição da família é fundamental. "Estamos tentando uma forma de identificar um número real de resoluções, porque é comum a família encontrar a pessoa desaparecida e não dar baixa no Registro de Atendimento Integrado (RAI). Em 2021, por exemplo, das 3.618 pessoas oficialmente desaparecidas em Goiás, 53 morreram e 1.901 foram identificadas. Tenho certeza que foram muito mais", acredita o responsável pela Central Estadual para Políticas de Pessoas Desaparecidas, da SIG de Goiás.
Um desfecho feliz após quase um ano
Localizado pela família em outubro do ano passado, o jovem Eduardo Vinicius dos Santos Barbosa, de pouco mais de 20 anos, se encaixa no perfil de pessoas que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) tenta identificar. Ele foi encontrado pelo psicólogo Márcio Freitas em um posto de combustível em Goiânia, esfomeado e com ferimentos nos pés. Levado para a Casa São Francisco de Assis, no Jardim Guanabara, instituição filantrópica onde o psicólogo é voluntário, Eduardo chegou sem nenhuma identificação e não falava frases conexas. "Ele aceitou na hora ser acolhido. Estava andando havia três dias. Ele tem problemas mentais e era usuário de maconha", relata o psicólogo.
Ao lado do presidente da instituição, Roberto Alves Vilaverde, Márcio Freitas buscou a SIH para tentar obter informações de Eduardo. O contato com o órgão similar de Rondônia mostrou que havia um RAI naquele Estado. O jovem tinha saído de casa em dezembro de 2023 e estava desaparecido. "A Central de Desaparecidos nos passou uns cinco números de telefones e no primeiro que ligamos a mãe dele atendeu. Ela estava desesperada sem saber do paradeiro do filho. Em dois dias, ela veio para Goiânia. Esse caso nos emociona muito porque salvamos uma vida. Ele estava jogado e poderia morrer", diz o psicólogo.
De Ji-Paraná (RO), onde vive, a decoradora de festas Sherle Alessandra dos Santos Barbosa não esconde a felicidade pelo desfecho. "Meu filho foi encontrado", diz logo ela. Ela conta que no nascimento de Eduardo o médico disse que faltou oxigênio no cérebro e que a família deveria ficar atenta. "Ele foi crescendo e não notamos nada, depois começou a rir de qualquer coisa." O jovem veio para Goiás com um amigo, escondido da família, e parou de tomar os remédios. "Quando me ligaram, foi um alívio. Eu não dormia direito, chorava, emagreci muito. Só queria respostas, saber se ele estava vivo ou morto. Minha sogra fez campanhas de oração. Foi um milagre encontrar ele vivo. Tem muitas cicatrizes no corpo que ele não tinha." Sherle agradeceu muito o acolhimento no abrigo onde Eduardo ficou durante 45 dias.
Balanço dos desaparecidos - Registros do MJSP em 2024
Brasil:
- Desaparecidos: 80.333
- Média diária: 219
- Localizados: 43,5 mil
Goiás:
- Desaparecidos: 3.618
- Média diária: 10
- Localizados: 1.056
Cidades com mais ocorrências:
- Goiânia: 839
- Ap. de Goiânia: 360
- Anápolis: 306
- Rio Verde: 216
- Águas Lindas: 188
- Luziânia: 148
- Senador Canedo: 104
Fonte: MJSP e SIH-GO
Mais Notícias
Esteja sempre atualizado sobre os principais acontecimentos


Bolsonaro tem piora clínica e em exames, diz boletim médico
O ex-presidente está internado desde 11 de abril por problemas decorrentes da facada que sofreu durante a campanha presidencial de 2018 Saiba mais
Ex-presidente Fernando Collor é preso em Maceió
Político vai cumprir pena em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro Saiba mais