A Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia retomou o projeto Conecta Educação, sistema de integralização digital da gestão escolar que custou cerca de R$ 12,5 milhões aos cofres municipais e previa a instalação de equipamentos de reconhecimento facial nas unidades da rede municipal de ensino. O sistema foi implantado com uma série de falhas e nunca chegou a funcionar plenamente, sendo retirado totalmente da rede em 2023.

No começo do ano, a Prefeitura chegou a elaborar um aditivo ao contrato de um ano para que a empresa responsável, a Ponto ID, corrigisse as falhas sem custos adicionais e assim se cumprisse uma determinação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO), porém o documento só foi de fato assinado no começo de maio, quando O POPULAR publicou reportagem mostrando resistência da administração municipal em levar adiante a instalação do sistema pago.

Não há uma data oficial para que o Conecta esteja funcionando 100% na rede, mas algumas escolas já estão adiantadas com a reimplantação do sistema, já tendo passado por treinamento de servidores, e com os equipamentos de reconhecimento facial novamente instalados, podendo retomar as atividades de gestão já dentro do Conecta ainda neste mês. A maior dificuldade é a atualização dos dados sobre os estudantes que entraram ao longo do ano.

Três dias após a exoneração de Millene Baldy do cargo de secretaria de Educação, a pasta enviou às unidades de ensino um ofício convocando os secretários de escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) para uma formação de dois dias sobre as funcionalidades do Conecta Educação no final do mês passado. A retomada depende da velocidade com que cada unidade tem conseguido atualizar o novo sistema.

Com os problemas no Conecta, a SME havia decidido começar o ano de 2024 usando o sistema da própria Prefeitura, o Sisge. Os dados dos estudantes estão neste próprio, apesar da orientação de que as escolas abastecessem os dois com as informações. Entretanto, o Conecta estava sendo usado apenas para atualização do planejamento pedagógico dos professores, sendo que muitos preferiam imprimir para usar.

No treinamento, servidores ouvidos pelo jornal afirmam que foram orientados apenas a migrar os dados do Sisge para o Conecta e não foi falado nada sobre preparar o novo sistema para 2025. A estrutura preparada pela empresa, quando funcionar 100%, vai permitir uma troca de informações dentro da rede mais dinâmica, a realização de matrículas pelo Conecta, transferências mais rápidas, além de geração de históricos de estudantes e resultados finais.

A expectativa dos servidores é que isso ainda não ocorra neste ano, faltando três meses para o fim do ano letivo. A orientação no treinamento era para que os relatórios e materiais envolvendo a etapa final das aulas neste ano fossem finalizados no Sisge.

Atualizações

A SME nega que o Conecta tivesse sido interrompido e diz que estava em funcionamento desde sua implantação, em dezembro de 2022. Para a pasta, o que houve desde então foram "várias atualizações para adaptar o sistema às necessidades e demandas da Secretaria Municipal de Educação". "Todo sistema está sujeito a atualizações para correções e melhorias, assim como ocorre com celulares e computadores."

Sobre a data para o funcionamento pleno do sistema da Ponto ID, a pasta afirma que os servidores estão recebendo formação para alimentar o Conecta adequadamente, garantindo seu funcionamento completo, mas não apontou um prazo para que este trabalho seja concluído. A secretaria também diz que existe a possibilidade de integrar o Conecta ao Sisge, "de forma que um possa complementar as funcionalidades do outro".

Sem dar muitos detalhes, a secretaria afirma que as controladoras de reconhecimento facial estão sendo substituídas por modelos mais novos e eficientes, o que permitirá o funcionamento adequado do restante do sistema de gestão escolar e que tudo será resolvido dentro do prazo previsto no termo aditivo assinado junto à Ponto ID. "Atualmente, está em uso o módulo pedagógico, que permite aos professores realizarem o planejamento das aulas e aos coordenadores acompanharem o que foi registrado pelos docentes", afirma a pasta.

Estão sendo realizadas reuniões semanais entre representantes da empresa e da SMS para sanar os últimos problemas. Conforme O POPULAR apurou, o trabalho se intensificou nas últimas semanas, principalmente após a convocação dos servidores para o treinamento.

A Ponto ID assinou um contrato em outubro de 2021 após a SME aderir a uma ata de registro de preço de uma licitação feita pelo governo do Tocantins. No começo do ano, quando o secretário ainda era Rogério Caldas, este chegou a afirmar ao POPULAR que cogitava um distrato, mas depois voltou atrás na informação.

Em março, o TCM-GO julgou procedente uma representação feita em 2022 pela vereadora Aava Santiago (PSDB) e pelo então vereador Mauro Rubem (PT) e determinou que em 30 dias a SME apresentasse uma resposta do que estava efetivamente fazendo para solucionar os problemas verificados pelo Ministério Público de Contas (MPC).