Nova gestão municipal quer ocupar Jóquei Clube
A sede do Jóquei Clube de Goiás, na Rua 3 do Setor Central, está nos planos da nova gestão municipal para uso e ocupação do espaço, que está abandonado há pelo menos uma década. A utilização do prédio já estava prevista no projeto Centraliza, proposto pelo prefeito Rogério Cruz (SD), mas que segue em tramitação na Câmara Municipal após ser aprovado em primeira votação. A proposta está na Comissão de Finanças da Casa, sob relatoria da vereadora Kátia Maria (PT). Já o prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), quer utilizar o espaço para ser sede do Palácio dos Games e do Palácio da Cultura. O impasse está justamente em como conseguir ter a posse do imóvel.
A ideia da atual gestão, dentro do Centraliza, era formar uma parceria público-privada (PPP) para o uso do imóvel, que seria sede da Secretaria Municipal de Esportes e teria espaços privados de entretenimento e alimentação. Isso ocorreria depois de ter a posse do imóvel em um modelo de desapropriação, em razão das dívidas -- em torno de R$ 40 milhões, somando-se também as do Hipódromo da Lagoinha, no Setor Cidade Jardim -- de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O Paço Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin), informa que "a proposta de revitalização do Jóquei Clube de Goiás integra os planos de médio e longo prazo do programa Centraliza", e que "os instrumentos jurídicos para avançar nas negociações estão em fase de estudo".
A pasta ressalta também que "a base legal do programa Centraliza depende da aprovação do projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal de Goiânia". O POPULAR apurou que há morosidade na análise jurídica do caso, em que a dúvida é se há aparato legal para fazer a composição da dívida de IPTU pela posse do imóvel. A presidência do clube já informou, em outras ocasiões, que não foi procurada pela Prefeitura sobre o assunto, o que é confirmado pela gestão extraoficialmente, já que se optou por fazer isso apenas quando o projeto estivesse aprovado. Há membros da atual gestão que entendem não haver necessidade de negociação, podendo a desapropriação ser realizada de forma arbitrária.
O mandatário do Paço a partir de 2025 diz que "a forma de aquisição do prédio está sendo avaliada pela equipe do futuro prefeito". "A negociação deve partir do cálculo que o imóvel possui junto à Prefeitura. Ainda não há previsão de custos para aquisição e investimentos na reforma", salienta. "A intenção é criar uma grande escola de games para que a juventude possa aprender a desenvolver jogos, empreender e crescer nessa área. Na parte da cultura, vamos disponibilizar espaço para eventos, como exposições, palestras e mostras culturais", complementa Mabel.
Neste ano, a vereadora Sabrina Garcêz (Republicanos) tentou mediar negociação para obter um acordo pelo uso do imóvel, que envolveria o uso da Transferência do Direito de Construir (TDC), uma taxa paga por empreendedores para permitir aumento de área construída em outro imóvel. O modelo, explica Sabrina, dependeria de uma autorização judicial e faria a composição financeira de modo a ceder recursos para o clube. A vereadora conta, no entanto, que quando o negócio ficou formatado, a atual gestão do clube não apareceu mais para negociar.
Uma das preocupações dessa atual gestão do espaço com o modelo de negócio pensado pelo Paço era justamente perder o imóvel sem ficar com qualquer recurso para se autofinanciar ou mesmo pagar as outras dívidas que o clube possui, que somam a ordem de R$ 200 milhões. Advogado da atual gestão do Jóquei, Rafael Zanardi afirma que há disposição em ouvir propostas tanto da atual quanto da futura gestão, mas que não há nada no momento. Ele reforçou que o presidente, o médico Fausto Gomes, está em viagem e só ele poderia falar sobre outras propostas ou tentativas para o clube atualmente.
No ano passado, houve interesse de um grupo de São Paulo para a construção de um shopping no imóvel, mas não houve andamento. Antes disso, em 2017, a chapa Associação Amigos do Jóquei, encabeçada pelo ex-presidente Manoel Mota concluiu que só a venda da sede do Setor Central poderia manter o clube, com o pagamento das dívidas e a formação de nova sede, de menor tamanho.
Havia o interesse de uma igreja evangélica no negócio, mas uma mobilização dos sócios remidos e arquitetos pelo tombamento do prédio encerrou o negócio. Desde 2019, há uma intenção em usar o local como um centro cultural, mas nenhuma proposta ocorreu até então.