Recuperações judiciais aumentam 37,7% em um ano, aponta Serasa

Micro e pequenas empresas lideraram com 177 pedidos de recuperação judicial. Já os processos de falência avançaram 50,8% no período
Por O Hoje
Data: 22/11/2024
Apenas em outubro, o total de recuperações judiciais alcançou o patamar de 223 solicitações

O mês de outubro de 2024 registrou um aumento expressivo nos pedidos de recuperação judicial no Brasil, com um crescimento de 37,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O total de 223 solicitações reflete um cenário preocupante para o ambiente empresarial no país, e é o terceiro maior índice do ano, de acordo com o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian. Esse movimento acende um alerta sobre a pressão econômica sobre as empresas brasileiras, especialmente as de menor porte.

Entre as companhias que buscaram a recuperação judicial, as micro e pequenas empresas foram as mais afetadas, com 177 pedidos, seguidas pelas empresas de médio porte (38) e grandes corporações (8). Para Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, o principal fator para esse aumento é o elevado custo do crédito. “A alta das taxas de juros eleva o custo do crédito e dificulta o pagamento das dívidas pelas empresas. Além disso, a inadimplência dos consumidores impacta negativamente o fluxo de caixa das companhias”, explica Rabi.

Microempresas lideram pedidos

O cenário é particularmente dramático para as micro e pequenas empresas, que representam a maior parte das solicitações de recuperação judicial. Com 177 pedidos registrados, elas somam cerca de 80% do total das solicitações feitas em outubro. A forte presença dessas empresas entre os pedidos reflete o peso que a crise econômica tem sobre o segmento, o qual enfrenta dificuldades ainda maiores para acessar crédito e manter a liquidez diante da alta inflação e das taxas de juros elevadas.

A crise do crédito também impacta a capacidade das pequenas empresas de manter suas operações no curto e médio prazo. Muitas delas, com fluxo de caixa mais limitado, não conseguem se sustentar sem recorrer a empréstimos bancários. No entanto, com o encarecimento do crédito e a inadimplência crescente entre os consumidores, o cenário se torna ainda mais complicado, tornando as soluções tradicionais cada vez mais difíceis de serem alcançadas.

Por setores, os serviços lideraram o número de solicitações de recuperação judicial, com 83 pedidos. O setor de serviços tem enfrentado grandes desafios, principalmente devido ao impacto da inflação sobre o poder de compra dos consumidores e às dificuldades de acessar financiamento. Por outro lado, a indústria foi o setor com menor número de pedidos, com 35 casos, o que pode refletir um maior capital de giro ou uma resiliência maior das empresas industriais frente ao cenário econômico.

Falências sobem

Além do aumento dos pedidos de recuperação judicial, os pedidos de falência também cresceram de forma acentuada em outubro, com um aumento de 50,8% em comparação ao mesmo mês de 2023. No total, foram registrados 92 pedidos de falência, contra 61 no mesmo período do ano anterior. Esse aumento é ainda mais alarmante porque a falência é, muitas vezes, o último recurso utilizado pelas empresas para tentar minimizar as perdas com os credores.

Quando uma empresa entra com pedido de falência, é porque não há mais alternativas viáveis para sua recuperação financeira, e os credores buscam, através do processo, receber ao menos uma parte do valor devido. "Os pedidos de falência ocorrem como última tentativa de os credores evitarem um prejuízo maior e receberem da empresa devedora um valor proporcional ao crédito concedido", afirma Luiz Rabi.

Entre os pedidos de falência, as micro e pequenas empresas novamente se destacaram, com 55 casos, seguidas pelas médias empresas (20) e grandes companhias (17). O setor de serviços também foi o mais afetado, com 39 pedidos de falência, seguido por comércio (28), indústria (24) e o setor primário (1).

Para os economistas, a situação exige uma resposta rápida e eficaz do governo, tanto para oferecer suporte às empresas em dificuldades quanto para controlar a inflação e reduzir as taxas de juros, que são fatores críticos para a recuperação do setor produtivo. Caso contrário, o Brasil pode enfrentar uma escalada nas falências e no desemprego, prejudicando ainda mais o clima de negócios no País.

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