Grupo lavava dinheiro da venda de rebites com criação de redes de restaurantes e empreendimentos imobiliários, diz MP
As investigações da "Operação Ephedra" apontam que o grupo suspeito de produzir e vender rebites movimentou ao menos R$ 320 milhões, segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO). Eles teriam lavado o dinheiro do crime criando vários empreendimentos.
A organização criminosa movimentou e movimenta muitos milhões de reais. Alguns dos investigados, que estavam envolvidos com atividades de financiamento da produção de comprimidos, partiram para diversas formas de lavagem de dinheiro. Sendo esse dinheiro sujo, oriundo do tráfico, introduzido em outras atividades, como por exemplo: abertura de redes de restaurantes, empresas de transporte, empreendimentos imobiliários e outras atividades comerciais", disse o promotor Paulo Vinícius Parizotto.
De acordo com o Gaeco, o "rebite" era vendido para motoristas profissionais, pois essa droga sintética é utilizada para inibir o sono e permitir a realização de longas jornadas de trabalho, colocando em risco a segurança viária. Inclusive, o dinheiro oriundo do tráfico era utilizado para adquirir insumos - produtos químicos, máquinas para produção das drogas - e lavagem de capitais, por meio da aquisição de veículos, residências, fazendas e até mesmo criptoativos.
"A investigação foi feita em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, a partir de dados e informações coletadas pela PRF. O objetivo da investigação foi aprofundar a estrutura dessa organização criminosa para identificar as pessoas que financiavam, controlavam a produção e distribuição dos comprimidos de anfetaminas. A operação de hoje constatou que essa organização tinha aparato para produção em alta escala de rebites", disse o promotor.
Como os nomes dos suspeitos não foram divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar as defesas deles até a última atualização desta reportagem.
Operação Ephedra
Durante a Operação Ephedra, nesta terça-feira (10), foram cumpridos 24 mandados de prisão preventiva, quatro mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão em Goiás, Tocantins, Bahia e São Paulo.
Segundo o superintendente da PRF em Goiás, Tiago Queiroz, a operação teve início a partir do aumento significativo da apreensão de "rebite" e do aumento de ocorrências nas rodovias federais que cortam o estado.
A PRF constatou, em 2023 e 2024, um aumento significativo e exponencial da apreensão de rebites e anfetaminas no estado de Goiás, acompanhada da quantidade de autuações de infrações de motoristas em desrespeito à lei do descanso profissional. Precisávamos, então, da ajuda do Ministério Público, por meio do Gaeco, porque entendíamos que havia uma verdadeira organização criminosa trabalhando na produção, compra, venda e distribuição de anfetaminas pelo país", declarou.
Os mandados foram cumpridos nos municípios de Goiânia, Goianira, Trindade, Anápolis, Ceres, Mara Rosa, Campinorte, Uruaçu, Porangatu, Talismã (TO), Luiz Eduardo Magalhães (BA) e Salto (SP). Também foi cumprido mandado de prisão contra um detento na Unidade Prisional Regional de Nova Crixás.
De acordo com o MPGO, os suspeitos vão responder pelos crimes de tráfico de drogas, organização criminosa, financiamento ao tráfico de drogas, aquisição de apetrechos e maquinários para o tráfico de drogas, além de lavagem de dinheiro e posse ilegal de arma de fogo.