Palácio do Planalto demostra irritação com falas de Maduro sobre urnas eletrônicas do Brasil

Líder venezuelano diz que sistema eleitoral do Brasil não é auditável, o que é amplamente desmentido pelas instituições brasileiras
Por Diário da Manhã
Data: 26/07/2024
Lula da Silva e Nicolás Maduro: divergências sobre democracia e respeito às eleições

As declarações do líder da Venezuela, Nicolás Maduro, contra o sistema eleitoral brasileiro irritaram integrantes do Palácio do Planalto e de assessores diplomáticos do governo Lula, que até agora vem tentando contemporizar a relação a relação com o antigo aliado do petista a dias das eleições no país.

Maduro afirmou que as eleições no Brasil são inauditáveis — o que é largamento rebatido pelas instituições brasileiras —, adotando uma narrativa comum a setores da direita e extrema direita. Sem apresentar nenhum prova, Maduro fez a declaração sobre o tema durante um comício entre a noite de terça-feira e a madrugada de quarta em Maracay, no Estado de Aragua, numa escalada retórica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Auxiliares de Lula ficaram especialmente irritados porque as declarações de Maduro se aproximam de críticas feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral do país. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pela realização de uma reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, na qual difamou sem provas o sistema eleitoral brasileiro. Sem resposta do governo

Apesar disso, o Itamaraty não vai responder às provocações, por considerar que não é o momento de bater boca com Maduro às vésperas das eleições de domingo. Em uma avaliação interna, mais importante é evitar um confronto direto com Maduro que possa, de alguma forma, atrapalhar o que se espera de um processo democrático no país vizinho.

Maduro criticou não apenas o processo eleitoral no Brasil, mas também os dos EUA e da Colômbia, países amplamente considerados democráticos. O presidente também disse aos seus apoiadores que a Venezuela — onde a oposição denuncia uma série de repressões, incluindo prisões e inabilitações de candidaturas — tem “o melhor sistema eleitoral do mundo”.

— Em que outra parte do mundo se faz isso? Nos EUA? É inauditável o sistema eleitoral. No Brasil? Não auditam nenhum registro. Na Colômbia, não auditam nenhuma ata. Na Venezuela, auditamos no momento, na mesa — disse Maduro.

A resposta foi dada, nesta quarta-feira, pelo TSE. A Corte afirmou que o boletim emitido pelas urnas eletrônicas brasileiras é um “relatório totalmente auditável”. O TSE vai enviar servidores para acompanhar in loco a eleição presidencial na Venezuela.

Para integrantes do governo, a declaração afetou uma das bandeiras mais caras para o Brasil e toda a América Latina: a democracia.

No mesmo discurso, o presidente da Venezuela afirmou que reconhecerá e defenderá o que for decidido na eleição. Maduro concorre com Edmundo González, candidato que representa a oposição.

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